O nome The Brave and the Bold, dentro da DC
Comics se tornou o sinônimo de encontros (team-ups) de Batman e outro
personagem da casa. Mas pouca gente sabe que B&B é um título muito
mais antigo, que tem alguns eventos históricos dentro de seu run de 200 números. Foi nele que
surgiram a Liga da Justiça da América (número 28, 1960) e a Turma Titã (54,
1964) e a volta de Hawkman (34, 1961).
Foi nele que Neal Adams começou a transformar o Batman, depois de uma fase camp gerada pelo sucesso da série com
Adam West em 1966 em um personagem mais sombrio. E foi também em B&B que Jim Aparo, um
dos artistas mais associados com o Homem-Morcego, começou a desenhar o Batman.
E The Brave and the Bold pode também, foi durante um tempo, um título de “entrada” para personagens mais obscuros, assim
como a Showcase, outro mítico título da editora. Além disso, muitos personagens que haviam
perdido seus títulos puderam encontrar refugio nas suas páginas.
O Início
Mas, ainda antes de tudo isso, ela foi uma revista de
aventuras “históricas”, aos moldes da Valor, da EC Comics que havia
surgido no início de 1955, meses antes do primeiro número da B&B.
Três personagens faziam parte da B&B, a antologia: Príncipe
Viking (ilustrado por Joe Kubert),
Silent Knight (Irv Novick) e Golden Gladiator (Russ Heath) . Golden Gladiator
logo foi substituído por Robin Hood (ilustrado por Russ Heath).
Bob Kanigher era o editor de B&B nesse início do
título, assim como o seu escritor principal.
Mas algumas histórias foram escritas por Bill Finger, France Herron e
Bob Haney, que depois ficaria muito associado ao título.
Intermezzo
Enquanto isso, no final dos anos 50, a já citada Showcase
estava sendo usada como um título teste e havia trazido de voltas novas versões
da Era de Ouro, como o Flash e o Lanterna Verde. Então, em 1959, a partir do
número 25, a B&B deu uma guinada e começou a imitar a Showcase
e tentar um novo sucesso. Suicide Squad foi o primeiro, um título de guerra e
espionagem de Kanigher, que depois de lacônicos três números (e mais uma tentativa
em 1961) foi esquecido... Quando voltou na década de oitenta o conceito era bem
diferente. O primeiro acerto veio logo
em seguida, no número 28 (1960) com a estréia da Liga da Justiça da América, de
Gardner Fox e Mike Sekowsky, que ficou três números em B&B e ganhou título
próprio.
Kanigher tentou novamente, com a criação de Cave Carson
(número 31, 1960). Assim como aconteceu com Suicide Squad, logo desistiram do
personagem (apesar de ter mais uma chance de dois números, em 1962. Outro sucesso
no número 34, com a volta de Hawkman, de Garner Fox e Joe Kubert. Três números consecutivos e depois a sua volta
para mais três (42-44) antes de ganhar título próprio.
Mas apesar os sucessos com a Liga da Justiça e Hawkman, estava
longe de ser a Showcase. E foi percebido que a editora não comportava dois
títulos assim.
O editor Julius Schwartz então criou uma série dentro de The
Brave and the Bold: Strange
Sports Stories, que durou entre os números 45 e 49.Uma antologia bizarra
que, como diz o nome, mostrava esportes estranhos, que iam desde times de
baseball invisíveis a boxeadores fantasmas.
Foi também Schwartz que veio com a próxima ideia: encontros
entre os super-heróis da casa. Ideia mais tarde copiada pela Marvel ( Marvel Team-Up e Marvel Two-in-One) e a própria DC (DC Comics Presents).
Mas,por incrível que pareça, o primeiro encontro não tinha o
Batman.
Em 1970, Murray Boltinoff colocou um novo artista no título para substituir Adams, Nick Cardy. Cardy já havia trabalhado com Haney em Aquaman e Teen Titans. Ele fez os números 91, 92 e 94 a 96. A fase de Cardy é extremamente apreciada pela maioria dos leitores. Ele mais uma vez reduziu as orelhas e capa de Batman, mas o seu estilo combinou com os roteiros urbanos de Haney. E seu talento para desenhar mulheres foi aproveitado pelo escritor.
Cardy saiu do título em 1971, deixando Boltinoff mais uma vez atrás de um desenhista fixo para B&B. E a resposta estava bem de baixo do seu nariz.
Jim Aparo começou a trabalhar na DC no final dos anos sessenta, vindo da Charlton (onde havia desenhado inclusive The Phantom). Ele fez um longo arco de Aquaman, envolvendo o desaparecimento de Mera, a esposa do senhor dos mares. Ao mesmo tempo, ele fazia The Phantom Stranger.
Então, quando o personagem fez uma aparição no número 98 (1971), Boltinoff o chamou para desenhar a história.
Aparo nunca havia desenhado o Batman antes, mas quando o fez foi espetacular. O seu Batman era definitivamente mais esbelto que o de Cardy e se aproximava do de Adams, o qual injustamente foi acusado de ser um clone. Nada mais longe disso. Ele tinha um estilo próprio e totalmente reconhecível. Ele conseguia retratar os personagens da DC de uma maneira primorosa, e mesmo aqueles que tinham uma forte identidade visual com seus criadores e/ou artistas principais, como o Flash (de Carmino Infantino), Kamandi, Etrigan ou Mr Miracle (de Jack Kirby) ficavam maravilhosos em seu traço.
Seu storytelling era cinematográfico, com movimentos e cortes de câmera extremamente dinâmicos. Além disso, ele fazia a sua própria arte-final e letreiramento (inclusive as onomatopéias).
Além disso, o seu Batman era, como descrito por um crítico, um “James Bond de capuz” nesse período Haney/Aparo. Ele viajava pelo mundo e lutava contra terroristas, cientistas loucos, espiões, seqüestradores e, por que não, demônios, sacerdotes vudu e super-vilões. O senso de entretenimento nunca foi tão grande quanto naquelas histórias de Batman em B&B, não importando se ele estivesse em Gotham, Timbuctu ou no espaço.
Por exemplo, em B&B 106, Oliver Queen, o alter ego do Arqueiro Verde é mostrado como um milionário. Mas já tinha sido mostrado nas páginas de Justice League of America e Green Lantern que ele havia perdido a sua fortuna.
É claro, isso gerava cartas de fãs irados, mas Haney era apoiado totalmente por Boltinoff. Afinal, ele sabia que o título vendia bem por causa de (ainda que não só por isso) da parceria Haney/Aparo.
A Era dos Team-Ups
O primeiro encontro de dois heróis em The Brave and the Bold
foi nesse número 50, entre o Arqueiro Verde e o Caçador de Marte, inclusive com
algo que veio se tornar a marca registrada da série: os logotipos dos dois
heróis colocados lado a lado na capa.
Hoje, parcerias de heróis são algo extremamente comum, mas
na época que essa B&B foi publicada era algo raro. Na Era de Ouro tivemos lutas entre super-heróis, como Namor contra
o Tocha Humana. Ou a Sociedade da
Justiça, Os Sete Soldados da Vitória e os Jovens Aliados. Mas todos esses eram grupos. A exceção era World’s
Finest, que tinha Superman e Batman. Mas mesmo World’s Finest era uma
parceria contínua. Heróis diferentes a cada número é um conceito iniciado por The
Brave and the Bold.
Uma coisa deve ser entendida. Por mais estranho que pareça
falar isso nos dias de hoje, na época os personagens e títulos eram estanques.
Fora de Justice League of America, parecia que os heróis da DC nem
mesmo viviam em um mesmo universo. Quando B&B trouxe dois heróis distintos
em uma mesma aventura foi algo totalmente novo.
É de se estranhar a escolha desses dois heróis para o
primeiro team-up. Não eram, de forma
alguma, pesos-pesados. A impressão que tenho é que eles estavam testando o
mercado. Mas se foi realmente isso, já no próximo número (51) eles começaram a
colocar os personagens mais conhecidos. Ao contrário dos do número anterior,
Aquaman tinha seu título próprio na época e Hawkman estava em vias de ganhar o
seu.
E aí se iniciou uma tendência, que mais tarde seria o mote
da série com o Batman: os números subsequentes tinham sempre um herói com um
título próprio. Assim, os mais conhecidos
(Flash, Mulher Maravilha) se encontravam com outros de não tanta relevância
(Supergirl, Eclipso). Era como se o editor pensasse: “o leitor compra por
Batman, mas damos a ele o Espectro. Isso pode gerar interesse e fazer que esse
leitor busque mais histórias desse último”.
Quando os team-ups se iniciaram, B&B teve vários
editores. Os primeiros cinco números tiveram edição de George Kashdan e Murray
Boltinoff (com exceção de do número 52, com os heróis de guerra, editado por
Kanigher). E Kashdan logo começaria a editar o título sozinho.
Uma miríade de artistas passou por B&B no período:
Murphy Anderson, Alex Toth, Bruno Premiani, Ramona Fradon, Joe Kubert, Win
Mortimer, entre tantos outros. Era impossível saber quem seria o próximo
artista em B&B. A única certeza é que ele seria escrito por Bob Haney.
Haney começou na DC ainda no final dos anos 50, vindo de
vários trabalhos para editoras como a Fawcett,Quality, Dell e Harvey. Na DC,
ele trabalhou inicialmente nos títulos de guerra, tendo escrito histórias para
a Star
Spangled War Stories, All-American Man of War, Blackhawk
e até mesmo Tomahawk (que tinha como tema a guerra da independência).
Também havia escrito vários números de Aquaman, além de co-criar (com
Arnold Drake e Bruno Premiani) Doom Patrol e Metamorfo (com a artista Ramona
Fradon).
(Bob Haney, por Jim Aparo)
Aliás, Metamorfo foi responsável por interromper os team-ups, com dois números (57 e 58)
apresentando o personagem.
Com a Batmania em alta (graças ao seriado) o personagem
ganhou uma seqüência de aparições no título, antevendo o formato que ele
adquiriria: uma revista de encontros de Batman com outro personagem da casa.
Entra Neal Adams
The Brave and the Bold foi o primeiro trabalho de Adams para o
Batman. Neal Adams tinha feito pouca coisa nos quadrinhos, mas seu belíssimo
trabalho em Ben Casey (uma tira de
jornal inspirada na série de TV) logo fez que ele fosse percebido. Ele começou a
trabalhar em The Spectre (que logo abandonou) e Strange Adventures (com
Deadman, ou O Desafiador, no Brasil).
Em uma entrevista ao podcast de Kevin Smith, Fatman on Batman, Adams conta que ele
queria desenhar o Batman. Então ele foi a Julius Schwartz e pediu para desenhar
o título. Schwartz negou, já que ele tinha abandonado The Spectre (editado pelo
próprio Schwartz) e trocado por Deadman, que tinha a edição de Jack Miller.
Apesar de fazer algumas capas para a B&B, ele queria mesmo era fazer
a arte interna. Então, ele conversou com Murray Boltinoff e pediu para fazer
uma história, coisa que foi imediatamente aceita pelo editor.
No número 79 (1968), o início da colaboração de Adams e
Haney tem em B&B tem Batman e (é
claro), Deadman.
Adams já entrou com o pé na porta: alongou as orelhas do
capuz de Batman e fez que a sua capa ficasse maior e mais esvoaçante, lembrando
apropriadamente asas de morcego. E ele não dava muita bola para o roteiro de
Haney. Se estivesse escrito “dia”, ele colocava a cena a noite, onde ele achava
(com razão) que o personagem pertencia. Haney era inteligente o suficiente para
perceber que essas mudanças eram obviamente para melhor, e começou a escrever
histórias cada vez mais sombrias. Uma coisa deve ser dita sobre Haney: ele
sabia aproveitar os artistas que ilustravam suas histórias.
A colaboração de Adams para a B&B se encerrou no número
86 (apesar dele ter voltado no número 93 para desenhar um script de Denny O’Neil,
colocando Batman na Casa dos Mistérios).
Em sua curta estada em B&B, ele deixou uma marca
indelével no título. Inclusive ele foi o responsável pelo novo visual do
Arqueiro Verde, no número 85 (1969). A razão para Adams ter saído de B&B
é simples: Schwartz percebeu que o melhor Batman da editora não estava nem em Batman
nem em Detective Comics. Ele não pensou duas vezes e colocou Adams no
título principal, onde ele começou o maravilhoso run com Denny O’Neil. Mas essa é, literalmente, outra história.
Cronologia? Pra que
cronologia?
Uma das coisas que Haney nunca respeitou em The Brave
and the Bold foi a cronologia. Bem, para
sermos justos, a ideia cronológica quase que anal-retentiva surgiu para valer
mesmo com o nascimento do Universo Marvel, em Fantastic Four 1, portanto ainda era muito recente na época e a DC
ainda não havia sucumbido a ela. Sendo um escritor “as antigas”, partidário do “se
a cronologia atrapalha uma boa história, ao diabo com a cronologia”.
Isso fica muito claro no número 84, em “The Angel, the Rock
and the Cowl”, que mostra o Batman dos anos sessenta e o herói da Segunda
Guerra Mundial, o Sargento Rock. Haney mostra um jovem Bruce Wayne em seus
primeiros dias como o Batman, ajudando Rock e a Companhia Moleza em uma missão. Então, no momento em que a
história começa, no tempo presente (final da década de sessenta), o Batman já
teria quase cinqüenta anos. Considerando que a DC no período havia congelado
tanto o Batman quanto o Superman nos seus eternos trinta anos, é um anacronismo,
para dizer o mínimo.
E não foi só isso. Wildcat, um herói da Terra-2, apareceu no
número 88 em uma história que teoricamente se passa na Terra-1. E como Haney
gostava do personagem, ele apareceu ainda em quatro (!) outras edições, criando
mais confusão. Logo os fãs começaram a dizer que as histórias de B&B
se passavam em outra Terra, a Terra-“B”. O “B” pode ser de “Boltinoff”, “Bob”
(Haney) ou “Brave and Bold”. Ou todos eles.
Apesar disso, várias das histórias de Haney tiveram
repercussões fora de B&B. Por exemplo, além da já
citada mudança de visual do Arqueiro Verde, tem Bruce Wayne encontrando o irmão
de Joe Chill, o homem que havia matado seus pais (no número 79, aquele primeiro
de Adams).
Jim Aparo, o artista
supremo de The Brave and the Bold
Em 1970, Murray Boltinoff colocou um novo artista no título para substituir Adams, Nick Cardy. Cardy já havia trabalhado com Haney em Aquaman e Teen Titans. Ele fez os números 91, 92 e 94 a 96. A fase de Cardy é extremamente apreciada pela maioria dos leitores. Ele mais uma vez reduziu as orelhas e capa de Batman, mas o seu estilo combinou com os roteiros urbanos de Haney. E seu talento para desenhar mulheres foi aproveitado pelo escritor.
Cardy saiu do título em 1971, deixando Boltinoff mais uma vez atrás de um desenhista fixo para B&B. E a resposta estava bem de baixo do seu nariz.
Jim Aparo começou a trabalhar na DC no final dos anos sessenta, vindo da Charlton (onde havia desenhado inclusive The Phantom). Ele fez um longo arco de Aquaman, envolvendo o desaparecimento de Mera, a esposa do senhor dos mares. Ao mesmo tempo, ele fazia The Phantom Stranger.
Então, quando o personagem fez uma aparição no número 98 (1971), Boltinoff o chamou para desenhar a história.
Aparo nunca havia desenhado o Batman antes, mas quando o fez foi espetacular. O seu Batman era definitivamente mais esbelto que o de Cardy e se aproximava do de Adams, o qual injustamente foi acusado de ser um clone. Nada mais longe disso. Ele tinha um estilo próprio e totalmente reconhecível. Ele conseguia retratar os personagens da DC de uma maneira primorosa, e mesmo aqueles que tinham uma forte identidade visual com seus criadores e/ou artistas principais, como o Flash (de Carmino Infantino), Kamandi, Etrigan ou Mr Miracle (de Jack Kirby) ficavam maravilhosos em seu traço.
Seu storytelling era cinematográfico, com movimentos e cortes de câmera extremamente dinâmicos. Além disso, ele fazia a sua própria arte-final e letreiramento (inclusive as onomatopéias).
Bob Brown voltou com B&B 99. Mas Boltinoff, como não
poderia deixar de ser, ficou encantado com o trabalho de Aparo. E então, no centésimo
número, ele e Haney começaram uma das mais duradouras parcerias dos quadrinhos.
E o artista, que preferia trabalhos mais low
profile foi catapultado para a posição de artista principal do título do
Batman que mais vendia no momento.
Mais uma vez, Haney mudou a sua versão do Batman. Desde que
O’Neil e Adams tinham o deixado mais sombrio, esse era o tom. Apesar do Batman
de Haney não ser uma versão em papel de Adam West, ele não era sério (ou sombrio)
demais. Haney, parece-me, entendia que a mídia não podia ser totalmente voltada
para adultos. Ou crianças.
Além disso, o seu Batman era, como descrito por um crítico, um “James Bond de capuz” nesse período Haney/Aparo. Ele viajava pelo mundo e lutava contra terroristas, cientistas loucos, espiões, seqüestradores e, por que não, demônios, sacerdotes vudu e super-vilões. O senso de entretenimento nunca foi tão grande quanto naquelas histórias de Batman em B&B, não importando se ele estivesse em Gotham, Timbuctu ou no espaço.
E, é claro, mais uma vez Haney estava se lixando para a
continuidade, se importando apenas com a história.
Por exemplo, em B&B 106, Oliver Queen, o alter ego do Arqueiro Verde é mostrado como um milionário. Mas já tinha sido mostrado nas páginas de Justice League of America e Green Lantern que ele havia perdido a sua fortuna.
E no número 124, possivelmente a mais estranha de todas as
histórias. Batman e o Sargento Rock encontram... Jim Aparo. A quarta parede é
quebrada em uma das mais marcantes histórias de todo os 200 números de B&B.
É claro, isso gerava cartas de fãs irados, mas Haney era apoiado totalmente por Boltinoff. Afinal, ele sabia que o título vendia bem por causa de (ainda que não só por isso) da parceria Haney/Aparo.
Descansando à sombra de louros
Pelo número 128, o título não estava tão bem das pernas, já
que tanto Haney quanto Boltinoff começaram a usar team-ups apenas de personagens mais familiares. O Arqueiro Verde
apareceu várias vezes (não é a toa que na série animada ele é um personagem
constante). O mesmo ocorreu com o Wildcat, o Coringa e o Sargento Rock.
Boltinoff então foi substituído por Denny O’Neil no número 132, mas sua
passagem foi curta, saindo no 139. Ele foi substituído por Paul Levitz.
Levitz era o editor dos outros bat-títulos, Batman
e Detective
Comics. Era de se esperar que ele trouxesse o Batman de B&B
para mais próximo dos que editava. Mas em sua primeira declaração como editor,
ele disse que “Haney e Aparo só sairiam do título “sobre o meu cadáver”.
De qualquer forma, ele re-energizou o título. Os números 142
e 143 (1978) mostraram uma história em duas partes, com convidados diferentes
em cada um deles (Aquaman e Creeper, respectivamente). Além disso, O Alvo
Humano, de Len Wein e Dick Giordano (que antes eera publicado na Action
Comics) começou a aparecer em back-ups no título, antes de migrar para
a Detective
Comics.
No número 145, The Brave and Bold passou a ser mensal. E no
número 150, uma edição especial, nós temos “Batman e...?” em uma tentativa de
fazer o leitor tentar descobrir quem era o convidado, que acaba sendo o
Superman, velho parceiro da World’s Finest, em sua única
aparição em B&B. E uma oportunidade única dos fãs verem a versão de Jim
Aparo para o Homem de Aço.
Haney continuou a escrever boas histórias, mas continuava a
ignorar como o Batman era caracterizado em outros títulos. Levitz começou a
pedir que outros escritores, como Mike W. Barr e Cary Burkett “consertassem” os
scrips. Obviamente, isso não foi do agrado de Haney. O passo seguinte foi o
mais lógico: Haney é substituído, apesar da declaração de Levitz quando assumiu
o título.
Então, com o número 157, de dezembro de 1979, Bob Haney, o
escritor que definiu o título se despede de The Brave and the Bold.
Foi o fim de uma era.
Na introdução de Batman
Illustrated by Neal Adams, o artista comenta sobre Haney: “Apesar de
não terem o reconhecimento que elas merecem, as histórias de Bob Haney são
clássicos na tradição dos super-heróis, com seus dramas e densidade no roteiro,
com mudanças surpreendentes. Haney nunca será pago o suficiente em vida pela
sua contribuição para o gênero. E isso é uma vergonha”.
Haney continuou escrevendo Unknown Soldier até o seu
cancelamento, em 1982. E sumiu das páginas da DC. Depois de trinta anos
colaborando com a editora, ele simplesmente se tornou mais uma página virada.
Ele recebeu o Bill Finger Memorial Award for Excellence in Comics Writing ,
dado pela comissão dos prêmios Eisner, em 2011. Infelizmente, ele havia morrido
em 2004, com 78 anos.
O fim
The Brave and the Bold continuou até o número 200, de Julho de
1983. Mas apesar de ser ilustrado principalmente por Aparo, a mágica tinha acabado.
Ele tinha se tornado, apesar da quantidade de escritores que passaram por ele,
um título previsível e formulaico. Uma das poucas exceções é o ótimo número
181, de Alan Brennert (que foi trazido para o título por Dick Giordano, quando
ele assumiu a editoria do título. Brennert foi escritor de vários programas de
TV, incluindo Buck Rogers in the 25th
Century).
Nesse número, Batman encontra Rapina e Columba e, na
tradição de Haney, ignora muito da cronologia, mostrando-os como adultos, sendo
que os seus colegas Titãs, em outros títulos da época continuavam adolescentes.
Santa Ironia, Batman!
No final de1982, Len Wein se tornou o editor de B&B,
substituindo Dick Giordano. Na época já existiam rumores que o título seria cancelado,
o que foi confirmado por Wein no número 195. The Brave and the Bold,
naquele período que os quadrinhos estavam mudando, se tornou um anacronismo, sendo
considerado um fóssil pela maioria dos leitores.
Então com o número 200, uma edição de 68 páginas em uma
história de Mike W Barr e desenhos de Dave Gibbons que colocava o Batman da
Terra-1 e o da Terra-2 em uma aventura em dois períodos diferentes, a edição
deu adeus.
O Legado
The Brave and The Bold gerou todo um novo estilo de quadrinhos,
os títulos de team-ups. A Marvel usou
e abusou do formato. A DC lançou em 1978 a DC Comics Presents, com o mesmo formato,
mas usando o Superman, que durou 97
números e quatro anuais, de 1978 a 1986.
Em 2008, estreou o desenho animado de mesmo nome, com três
temporadas e 65 episódios, em uma das mais interessantes versões animadas de
Batman.
Em 2007, a DC lançou o segundo volume da série, inicialmente
com o roteiro de Mark Waid e desenhos de George Pérez. A série durou 35
números, terminando em 2010.
Mas acima de tudo, The Brave and The Bold foi um título que
mostrou que os quadrinhos podiam ser divertidos, com um alto valor de
entretenimento. Sem amarras, sem
preocupações. E no final, essa foi a sua maior ousadia.
Bravo.
Serviço
As histórias (ainda
que não todas) de The Brave and the Bold podem ser lidas em vários reprints. Os
melhores são em três volumes do Showcase Presents (edições em preto
e branco com mais de 500 páginas) e em
dois volumes em capa dura chamados The Legends of the Dark Knight: Jim Aparo.
No Brasil, B&B teve histórias publicadas
pela EBAL. A fase “histórica” como backups em vários títulos e os team-ups se
espalhando por vários, títulos, o mais notável deles Superduplas (com 24 números, de 1978 a 1980. A editora Abril também
chegou a publicar algumas histórias no primeiro volume de Batman, em 1984.
Agradecimentos ao Toni
Rodrigues. Essa é para você, Toni.
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