Prata e Bronze

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

De Explosão a Implosão




Uma das mais emblemáticas estratégias da Era de Bronze foi o que veio a ser chamada de “DC Implosion”. Assim como a infame idéia da “Coke 2”, existem coisas que não devem ser tentadas. Parece ser uma lei universal que, quase sempre, é ignorada.

A responsável, Jenette Kahn começou  o seu trabalho como publisher na DC em 1976. Uma de suas primeiras decisões foi tentar reverter o grande sucesso da concorrência, a Marvel, que estava cada vez mais abocanhando fatias enormes do mercado.


A ideia, chamada de “DC Explosion", era aumentar o número de páginas das revistas (com um acréscimo de preço também) e tentar inundar o mercado com novos títulos. Foram 57 em apenas quatro anos. Os títulos até então tinham 17 páginas de história. Foram aumentadas para 25 e o preço subiu de 35 centavos para 50. Além disso, foi um outlet espetacular para novas experimentações. Warlord. Beowulf. Stalker. A volta de Tor, de Kubert. Tie-in de séries de TV, como Isis, Super Friends e Welcome Back, Kotter!

O grande problema é que, com a quantidade de títulos disponíveis, eles começaram um processo de canibalização. Independente da qualidade era difícil comprar todos eles.  E sendo sincero, a maioria deles não tinha toda essa qualidade. E os leitores AINDA tinham a Marvel para comprar.

Além disso, em 1978 ocorreu um dos piores invernos que se tem notícia nos Estados Unidos e isso afetou a distribuição. A DC, com a quantidade enorme de títulos, foi a mais prejudicada.

Algo precisava ser feito. Vinte títulos foram abruptamente cancelados. Eles foram:

All Star Comics
Aquaman
Army at War
Batman Family
Battle Classics
Black Lightning
Claw the Unconquered
Doorway to Nightmare
Dynamic Classics
Firestorm
House of Secrets
Kamandi
Mister Miracle
Secret Society of Super Villains
Secrets of the Haunted House
Shade, The Changing Man
Showcase
Star Hunters
Steel, The Indestructible Man
The Witching Hour







Muitas das histórias já estavam prontas e algumas migraram para outros títulos remanescentes, como Aquaman, que terminou as suas histórias em Adventure Comics. Ou alguns foram incorporados a outros, como a vetusta House of Secrets que se fundiu a The Unexpected.

Mas o estrago já estava feito. A DC colocou um lacônico anuncio em suas revistas, falando sobre o que tinha ficado:




Logo todos começaram a chamar toda a experiência de “DC Implosion”. Os executivos da DC mandaram Kahn enxugar a linha: 20 títulos de 40 centavos e seis de um dólar. No final das contas, foram 65 títulos cancelados. A DC, antes do projeto tinha 38. Acabou com 12 a menos do que tinha começado.

Isso nos faz pensar que quanto mais as coisas mudam, mais elas permanecem as mesmas. Os Novos 52 estão aí para provar isso. Cinqüenta e dois títulos, variando de qualidade vertiginosamente. Sim, existem coisas boas, mas achar que a editora teria cinqüenta e dois sucessos é algo extremamente otimista. Pelo menos desta vez, eles cancelam os títulos (e substituem por outros... O número mágico tem que ser mantido).

Quantidade, como Jenette Kahn sentiu na pele, não é sinônimo de qualidade. Mas por outro lado é algo bom, quase darwinistico: sobrevive o mais forte. Foram os casos de títulos como o já citado Warlord (que teve 133 números publicados) ou DC Comics Presents (com 97).




No final, entre mortos e feridos (em minha opinião) uma editora mais forte surgiu da “DC Implosion”. Que foi se tornando melhor até o final da década de setenta e entrou revigorada na de oitenta.

E é isso que importa, na verdade.

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